segunda-feira, 25 de junho de 2007

true lies: entrevista com triste fim de rosilene

a carla do true lies pirou na onda do soror e ofereceu ajuda! eu como sempre ando choramingando de fazer coisas sozinha, topei a ajuda na hora. e ela me mandou umas entrevistas que sairam em números passados do true lies, posto aqui a da banda triste fim de rosilene que eu tenho o super orgulho de ter lançado no split com ofensa e mais treta pelo meu selo alea records, junto com o selo bahiano estompim records. é bonito porque inaugura uma seção de entrevistas aqui no nosso e-zine, e também porque coloca mais em foco as bandas nacionais.
obrigada carla, pela entrevista e pela força!

Triste fim de Rosilene

O TRF é de Aracaju (SE), vocal de garota, um som rápido com variações bacanas, letras bacanas. Eles saíram num split junto com Ofensa (ES) e Mais Treta (BA).

(Entrevista respondida pelo Ivo()

A perguntar que não quer calar..., qual foi o triste fim de Rosilene?

Hehehe, realmente essa pergunta nunca se cala mesmo, vamos lá...

Rosilene foi uma empregada doméstica preta e pobre que morreu atropelada no RJ na mesma semana que o Aírton Sena, sendo que a diferença é que ela foi atropelada por varias vezes até que fizessem algo e a coitada só foi reconhecida pelas digitais,sendo que todo o país parou e chorou a morte do Sena e ninguém tava nem aí pra Rosilene, aliás, para as milhares de “Rosilenes” pretas e pobres pelo mundo afora..

O que aconteceria se Rosilene não tivesse morrido?

Gostei muito dessa pergunta, mas pra falar a verdade não sei dizer se ela estaria melhor viva, provavelmente ainda seria empregada doméstica e cuidaria dos filhos e filhas chat@s de sua patroa/dona, enquanto seus próprios filhos limpariam o lixo e fariam o trabalho sujo dos burgueses. Provavelmente ia envelhecer sem entender realmente o porque de sua submissão e lavando roupas com estampas de libertação animal dos moleques brancos que escutam hardcore.

“Trabalho ou tortura? Empregado ou escravo? A agonia embasada em necessidade será isso qualidade de vida?” (Trabalho ou tortura? TFR). Como os trabalhador@s poderiam tornar seu trabalho menos torturante, o que falta para a classe operária conseguir uma condição mais digna?

Na minha opinião a questão não é deixar o trabalho menos torturante, a questão é acabar com ele, conseqüentemente acabar com a lógica sem lógica do sistema que exige que o trabalho seja

fundamental da forma que o vemos. Pode parecer loucura, mas loucura mesmo é trabalhar todos os dias, se matar a cada segundo, ver a vida se esvaindo e ter que aceitar isso porque suas necessidades básicas foram privatizadas. Portanto não acredito que a classe operária possa conseguir uma condição mais digna enquanto está submetida às migalhas patronais e que fique bem claro aqui que não estou culpando a classe operária, mas acredito que apenas com a destruição do capitalismo poderemos tentar imaginar o que alguém um dia idealizou como dignidade.

Vocês lançaram o 3 way (3 bandas em trinta minutos, mais treta e ofensa), como está a divulgação? Quais são os próximos lançamentos/projetos?

Bem eu acho que o cd saiu bastante, porque estamos tendo muito retorno, pelo menos por parte de contatos, de pessoas que comentam nos shows e nos lugares que tocamos e que pedem entrevistas e tal, a divulgação foi bem maior do que eu esperava.. A gente gravou um material novo esse ano, mas ainda não lançamos, provavelmente deve sair no começo do ano que vem.

O número de meninas ativas dentro do punk/hardcore é muito pequeno, salvando

as exceções. Porque vocês acham que isso acontece, como "reverter" isso?

Ah tem muitos fatores, desde a autoestima abalada que as garotas tem e que é muito entendível que tenham pela formação que recebem ou até mesmo na reprodução de valores machistas/sexistas que a gente tem dentro da cena e as vezes nem percebe... é difícil falar disso, as vezes passo muito tempo pensando numa razão, mas acho que na real não existe apenas uma. Sobre como reverter isso acho que não é uma coisa que deveria partir apenas das garotas, mas em grande parte sim, tipo meter as caras mesmo, tentar fazer as coisas e se cair levantar.. um lance interessante que ta acontecendo por esse lado é o wendo, que é um grupo que treina técnicas de defesa feminina e de certa forma acaba dando mais segurança as garotas tanto na parte física que é importante mas também na parte psicológica que eu também acho primordial, e isso que eu falei serve pras todos os aspectos não só pra dentro da cena. Quem quiser mais informações sobre o wendo tem um site que a Dani fez pra explicar melhor. (www.wendose.cjb.net)

Obrigada pela entrevista, o espaço é aberto a vocês.

Então. valeu por ter interesse e paciência em fazer a entrevista, desculpa mesmo a demora pra responder. Eu particularmente gostei de responder essas perguntas porque se focaram mais em nossas posturas (apesar de eu estar falando apenas por mim) e eu acho que assim é que deve ser, tipo transcender um pouco a parte musical do hardcore e entender realmente o que aquelas pessoas tanto gritam. é isso quem quiser entrar em contato comigo pra qualquer coisa meu email é areianosolhos@hotmail.com, abraço a todos que merecem!

Contato: www.tristefimderosilene.cjb.net http://www.myspace.com/tristefimderosilene

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