quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

conexão true lies: entrevista arma laranja

vocês acharam que o sóror tinha acabado? aaaaaaaah mas acharam errado. o tempo andou curto, mas agora, de férias, vou postar adoidado!!!! a primeira de uma série de postagens surge graças à carla do true lies zine que sempre me dá uma força. confira!

a entrevista que você lê na seqüência, irmãzinha, saiu no último número do zine fluminense true lies, mantido pela querida carla. confira a entrevista na integra, visite o blog do true lies, e entre em contato com a carla, para adquirir sua cópia.

ARMA LARANJA

Punk rock bem feito, músicas curtas e energética, vocal feminino muito bacana.
Elxs são de Curitiba e gravaram um split 7" com o Besta Fera (SP).
Foto: Gabriel Ardanuy

Porque o nome arma laranja? Existe algo por trás das cores nos nomes das bandas?
Chico: O nome da banda originalmente era Câncer Kids, que era um dos nomes da mesma leva do Jesus mongolóide, Gente feia na tv e etc. Mas aí descobrimos que tinha uma outra banda com esse nome e decidimos mudar, na mesma época nossos amigos do Alzheimer também queriam mudar de nome, aí como tinha o Falso Branco eu sugeri colocarmos nomes com cores, pra iniciar uma nova era das bandas pós Terrorismo Brando. Assim o Alzheimer virou Duplo Cinza e nós roubamos um nome que o Mário já usava que é Arma Laranja. Sobre o nome em si, o Mário é bem melhor em teorizar a respeito dessas coisas do que eu, mas pra mim o importante é que esse nome é uma referência ao folclore punk daqui (uma vez um amigo nosso, o Nils portava uma arma de brinquedo e foi parado pela polícia, ao ser questionado sobre o motivo de carregar o artefato respondeu “eficácia simbólica”). Pra mim essa coisa toda de cores era uma celebração da nossa cena, que ainda conta com Choque Rosa, Olho Roxo e Preto Com Arma.

"E eu odeio sua economia, mas basicamente eu odeio você,odeio sua mãe seu pai, seu deus,mas principalmente seu pai" (trechos de Pressão,pressão,pressão) Porque principalmente o pai?
Chico: Essa letra é aquela coisa punk de mandar todo mundo tomar no cu ao mesmo tempo. Seu chefe, sua professora, sua mãe, seu pai, e por aí vai. Não tem muita reflexão, é um jeito de extravasar bastante adolescente. Mas esse destaque pro pai é porque o papel padrão do “macho- pai- de família-homem de verdade”, é pra mim, muito deprimente, uma espécie de panaca se matando por um pedaço de nada. E também porque é o que está mais próximo de mim.

”Perco o controle,você não sabe o que fazer,ansiedade,dor de cabeça
não venha me dizer o que é melhor pra mim” (trechos de Sangue no Olho)
O que inspirou vocês a escrever essa letra? A letra é direcionada a que/quem?

Bianca: A letra é sobre um tipo de situação que acredito que muitas pessoas passam, em diferentes tipos de relações íntimas, seja com o namorado (a), marido, esposa, mãe, pai, irmão... É sobre a nossa dificuldade de relacionamento, de diálogo, de comunicação. “Perder o controle” funciona como uma catarse sofrida, com raiva no sentido mais puro da palavra, angústia. Ao mesmo tempo é uma condição para seguir em frente, tocando o foda-se ao tipo de comportamento que nos é imposto, através de uma espécie de “crise” constante, sem esperança.

Com essa explosão do termo ‘hardcore’ nos grandes meios de comunicação, bandas pop punk, emo, bandas que de alguma forma começaram ‘independente’, e que agora estão fazendo fama e fortuna, que estilo vocês palpitam que seja a próxima onda do momento?
Chico: Se eu soubesse eu apostaria e ganharia dinheiro com isso, meu palpite é que o grunge tem tudo pra encontrar uma onda de renascimento nos próximos anos.
Mas a real, é que essa coisa do hardcore agora não tem nada a ver, é como rock e ROCK sabe? Uma coisa é a expressão máxima de liberação sexual, mental, espiritual da juventude, a outra é uma musica ligada a um estilo qualquer que é baseada em profissionalismo, quer o dinheiro da molecada e investe o lucro em obras de arte ou ações.Hardcore significa um milhão de coisas, mas originalmente é ser mais punk do que os punks, ser um punk hardcore, tipo pornô hardcore.

2007, trinta anos depois da primeira explosão punk, muitos depois do hardcore, e até o verão da revolução já ficou um adulto inteiro pra trás. Por que o punk rock é relevante hoje?
Chico: Eu tinha feito essa pergunta pro Mário do Duplo Cinza, bom...seguinte, tomara que não me entendam errado, mas tanto faz ser punk. Porque, sob um certo ponto de vista, até o Bam Margera é punk hoje em dia, então não é como se fosse uma questão de honra ser considerado punk ultimamente. O que isso quer dizer originalmente é (além do cara que dá o rabo na cadeia) um tipo de idéia subversiva dentro do rock, que não busca apoio no mainstream e por conta disso você faz sua própria arte, lança, grava, desenha, fotografa, tira xérox e vende pros outros sem esperar alguém te “descobrir” ou validar o que você produz. Eu particularmente gosto dessa idéia, e de ser parte de uma rede de comunicação com pessoas com práticas semelhantes. Eu gosto de saber que se eu for pra SP tocar em algum lugar que o Ruivo ou o Bá escolherem eu vou tocar com bandas que sentem essa mesma coisa. E a gente não pretende assinar nenhum contrato nem nada, então se isso é punk, se isso não é, pouco me importa. O Arma Laranja é uma banda de garagem, não de garage rock, mas uma banda punk de rock, que ensaia depois do trabalho. A gente gosta de Agent Orange, the Saints, Radio Birdman, Adolescents, the Dicks, Mercenárias, Dead Moon e Wipers. E somos espiritualmente ligados ao Bush, Velho de Cancer, Besta Fera, Duplo Cinza e Falso Branco.

O número de meninas ativas dentro do punk/hardcore é muito pequeno, salvando as exceções. Porque vocês acham que isso acontece, como "reverter" isso?
Bianca: Eu acho que isso acontece devido à nossa educação mesmo, que ainda é bastante machista. Ainda temos os papéis designados para meninas e para meninos, desde a infância. E o que acontece é que, se não rola um esforço individual, normalmente na adolescência, o negócio não vai pra frente. Ao menos no meu caso, foi difícil começar a tocar, por exemplo. Eu já ia em shows há alguns anos, e junto com algumas amigas que também não sabiam tocar, resolvemos montar uma banda pra gente aprender junto, e também foi difícil, porque o ambiente, no caso a cena hardcore era bem hostil em relação às meninas. Mas aí eu acho que tem que curtir bastante pra continuar. Com o passar do tempo eu fui percebendo que é tipo uma condição, não dá pra ser muito diferente disso, não dá pra se adaptar a um estilo de vida muito convencional, e fazer parte de uma banda punk é uma maneira de negar todo o resto, uma forma de assumir que eu não pertenço, ou ao menos tento não pertencer a um tipo de cultura “mainstream”. É um lance mais contracultural mesmo, que implica em várias dificuldades, principalmente em um país como o Brasil. Isso rola independente de ser homem ou mulher, é claro, mas acredito que seja mais difícil para a mulher estar inserida nesse ambiente, pois a pressão da sociedade é muito forte, e impõe valores e ideais que parecem já estar enraizados na nossa cabeça, é horrível mesmo. E é difícil porque acaba se tornando uma coisa marginal. Agora, vai de cada uma saber o que vale a pena. Eu prefiro abrir mão da segurança de uma vida mais convencional e arcar com as dificuldades, tendo outro tipo de satisfação. O que é triste mesmo é ver que a maioria das mulheres é bem machista, e realmente aceita o papel que lhes é imposto, na maioria das vezes essa cultura é tão lá embaixo que elas nem têm consciência da sua existência. Pra falar a verdade, não penso tanto mais nisso como antes, acho só que se mais mulheres tivessem mais coragem, seria bem melhor.

Depois do ep 7" (split com Besta Fera) quais são os planos, próximos discos?
Chico: Ainda esse ano deve sair pelo selo Criminal IQ um compacto só da gente chamado Pressão pressão pressão, com quatro músicas inéditas gravadas na mesma sessão de gravação do split. Fora isso, nós estamos fazendo músicas novas e tocando por aqui de vez em quando, e o plano é gravar de novo em janeiro do ano que vem.

Contatos: www.myspace.com/armalaranja

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

postagens de férias!!!! tozibabe

não, irmãzinha, a sororidade não morreu!!!
tô aqui firme e forte. e tenho visto a visitação crescer... bacana, bacana mesmo.
essa postagem aqui é meio estranha, porque acabei de conhecer a banda e já repasso.
encontrada no blog "good bad music for bad, bad times" essa banda vem da eslovênia, ex-iuguslávia, é um trio de mulheres e o som é um hardcore oitentista com aquela aura meio gótica, apocalíptica característica, os vocais são muito bacanas.
pra mim fica ali junto com o conflict e o nog watt entre as bandas mais bacana já postadas nesse blog.

não tenho muito informação sobre a banda, mas sei que fizeram parte, em 1985, de uma coletânea chamada Hardcore Ljubljana (a capital da eslovênia) que reunia algumas bandas de destaque da localidade delas. essa coletânea, ao que parece é bastante rara e clássica, difícil de encontrar, mas disponível para download pelo blog drunksongs (o link para download segue no final da postagem)

além disso, no ano seguinte lançaram um ep sem título, pelo mesmo selo FV zalozba, com 4 músicas de um hardcore simples, sombrio e envolvente cantado em sua língua natal.
a introdução da faixa trash tem direito a um claire de lune e tudo mais.

baixe o ep delas- [TOZIBABE- s/t 7″EP (FV, Iugoslavia, 1986)] aqui
baixe a coletânea hardcore ljubljana [Hardcore Ljubljana
FV Zalozba - 1985] aqui (o password é: drunksongs.blogspot.com )

veja um vídeo delas disponível no youtube:

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

nascida no porão

oi queridas,
como a última, essa é uma postagem super rápida.

tem um site que eu sempre que posso visito, é um blog de mp3 bem bacana, chamado born in the basement; já baixei muita coisa fina de lá. hoje enquanto baixava a segunda parte do fat elvis do big boys, percebi que tinha uma categoria "riot grrrl" lá com apenas uma banda cadastrada.

eu confesso - para a surpresa de muitas pessoas - que não sou muito fã das bandas que se rotulam (ou são rotuladas) como riot grrrl, mas o que tem lá pra baixar são os dois primeiros discos do bikini kill, banda que eu aprendi a gostar recentemente - depois de véia. bacana o post dx pessoal da natalidade subterrânea, eu mesma baixo agora, porque não tenho nada do bikini kill, a não ser uma fitinha herdada do meu querido leo da luna records. confere, querida! e caso você não tenha, baixe os dois primeiros discos de kathleen hannah e cia.

o link para baixar os discos é esse aqui!

ah! não se esqueça de dar uma olhada nos comentários, porque tem uns outros discos delas pra baixar. ah, tem uma página muito bonita com a discografia da banda, fotos, etc aqui!

não conhece o bikini kill? então, ouve umas músicas lá no last fm. se curtir ai a senhorita baixa.
ou então dá uma checada nesse vídeo:

terça-feira, 30 de outubro de 2007

postagem diferente


o tempo anda apertado, com estudos, aula, meu tempo de escrever o projeto se esgotando, bandas e tudo mais, mas o blog continua. a visitação aumentou muito e não dá pra deixar o esquema morrer.

hoje vou postar um esquema diferente. é uma divulgação de um link bem importante, o portalfeminista.org.br lá a gente acha uma série de artigos publicados em algumas das mais importantes publicações feministas do brasil, como a revista feminista (ref) e o cadernos pagu.
inclusive a ref está toda acessível via portal feminista. acabo de achar um artigo traduzido da minha querida donna haraway, bem como uma tradução que tinha ouvido falar da mãe do chicana feminism glória anzaldúa.

muito bacana, juventude.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

i object


o i object é uma banda americana (de nova york, pra ser exata) formada por 3 caras e uma mina, chamada barb; o som é um hardcore old school na acepção real do termo - um som influenciado pela velha escolha, hardcore oitentista: simples, rápido, músicas curtas e empolgantes. o vocal de barb é muito legal, meio rouco.

veja o myspace delxs aqui

você pode baixar o album teaching revenge delxs aqui!

além disso, posto um trecho de uma entrevista com a barb, um trecho mais relevante para nosso blog, aonde ela é perguntada sobre ser uma mulher numa banda de hardcore. confira, irmanita:

RC: What's it like being a women in a hardcore band? Do you feel like it's more difficult, that hardcore is a "boy's club?" Do you feel like you get taken less seriously as a hardcore band because you're a women?

Barb: I feel pretty lucky that I have not had to deal with sexism within the DIY scene. If anything, being a woman fronting a band who is vocal grabs people's attention more so than a male sometimes, and I use that factor to my advantage to speak my mind.
Sexism is still prevalent in punk and the only way to cut it out of our lives is to address issues and comments when they happen and say we don't stand for that in our scene. Being an active aggressive member of our scene as a female hopefully inspires other girls to get involved and brings the issue to light that girls play girls play instruments, write zines, put on shows, etc.


leia o resto da entrevista aqui!

veja uma música ao vivo da banda aqui:


quinta-feira, 13 de setembro de 2007

para baixar e curtir: romantic gorilla

tem um mês certinho que não posto nada aqui... o tempo anda curto.
muito estudo, aulas, muita correria, pouco acesso à internet.
mas não pensem que o blog morreu, ou que a vontade de mante-lo sumiu. eu sigo postando sempre que puder.

pra vocês, queridas, uma banda muito louca: romantic gorilla!!
a banda desse post difere das anteriores no seguinte sentido: é uma banda dos anos 90 e ainda viva, ao que me consta (apesar de pouco ativa).
ela vem do japão e conta com duas garotas na formação: uma vocalista (gori) e uma guitarrista (akiko)

o som é muitas vezes definido como power violence, rápido, louco e gritadíssimo (quando a música é grande tem um minuto e pouquinho). o vocal de gori é bem rasgado, o sotaque é estranho demais: as músicas são em inglês, na sa maioria, mas quase não dá pra entender. toda essa insanidade só poderia vir do japão.

a banda tem na sua discografia um split com spazz lançado pela sound pollution.

aqui nesse post temos metade (eu não tenho idéia de porque só metade) do full cd delxs chamado apenas de romantic gorilla.
a minha faixa preferida é "time up".
veja o site da banda aqui (tem a história da banda, fotos, etc)
baixe o cd aqui!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

para baixar e curtir: potential threat

faz tempo que quero postar o link para download desse ep do potential threat que encontrei há algum tempo no site an american punk in suburbia.

essa banda vem da inglaterra, e tem um jeito bem inglês de tocar hardcore/punk. esse ep, o primeiro da banda, chamado "what's so great britain!" foi lançado em 1982 , e trás 5 músicas. além dele a banda ainda soltou mais 4 discos (sendo dois LP's e dois EP's).

não dá pra não pensar ao menos um pouquinho no discharge. e, olha que engraçado, a faixa que dá nome ao disco tem um riff que parece muito "histeria" do cólera.
minha música favorita é a "nuclear threat" que tem um refrãozinho safado e já começa com um barulho de explosão; quer temática mais anos 80 que a "ameaça nuclear"?

leia um pouco da história da banda e veja fotos aqui!
baixe o ep "what's so great britain" aqui!

resenha: tangled lines vs. the 4 sivits

depois de algum tempo sem atualizações, porque sem tempo e com acesso quase precário à internet, mando uma postagem bem marotinha: uma resenha que me foi enviada pela carla do true lies zine. e por falar em true lies, o número novo desse zine está para sair - um zine mesmo, de verdade, de papel, real (vs. virtualidade)- entre em contato com a carla e peça o seu!
trueliesx@gmail.com

The Tangled Lines vs. The 4 Sivits - CD - Marker Records

O split começa com The Tangled Lines, banda alemã que canta em inglês, a música deles tem elementos old school e youth crew, e passagens com pegadas thrash. O vocal as vezes é cantado, as vezes é gritado pela vocalista Louise. Essa é a terceira gravação deles, as minhas músicas preferidas são: Girliberation Song e Hey Mister Bush que é a música mais rápida e energética. Depois deste cd eles tem lançado um split cd com Dick Chenny e um ep 7", quase todos tocam em outras bandas como: Depressive State, Vitamin X, Sommissar X, Jultih Krishun.
www.the-tangled-lines.de.uv

The 4 Sivits também é da Alemanha, o release deles estava escrito em alemão então não deu pra sacar muita coisa, mas a banda existe desde 1997 e tem influências de Black Flag, Negative Approa
ch,Necors, a músicadeles é direta e com refrões pra "cantar junto", o último material deles é um split 7" SKRÄCK.
www.the4sivits.net
www.markerrecords.de

quarta-feira, 18 de julho de 2007

pra baixar: hari kari

faz algum tempo que não posto aqui... andava sem tempo e é muito difícil decidir o que postar. mas agora tô um pouco de férias.

a banda da vez, seguindo o exemplo das últimas postagens de bandas para baixar, é americana e do começo dos anos 80. chama-se hari kari e surgiu em los angeles e foi ativa nos primeiros anos da década perdida.

pelo fato de também ter uma vocalista asiática, muitas vezes conflict e hari kari eram confundidos, ou suas vocalistas... mas o som do hari kari é mais metalado, as guitarras tem mais destaque, com solos e etc. e o som é um pouco mais sombrio. inclusive, eu achei o som um pouco próximo ao som do holandês nog watt (que postei aqui há algum tempo). é um hardcore rápido, metalado, e com um clima sombrio que apenas os anos oitenta proporcionam.

aqui ao lado vai um flyer de um xou do hari kari na terra do conflict, tucson (retirado do punk rock flyer archive)

dá pra baixar uma demo com 4 sons lá no an american punk in suburbia; e tem um textinho sobre a banda também e algumas imagens;
minha música favorita é a primeira, childrens hour, bem sinistra...
clique aqui para acessar o site e baixar as músicas

quarta-feira, 11 de julho de 2007

toda dor do mundo

toda dor do mundo no galpãozinho do gama. a música é sandra, ou marta (a banda está em crise com seus nomes). essa era uma banda ativa há uns 3 anos que acabou e agora retorna à atividade. esse é o xou de nossa re-estréia. pra quem não me conhece, eu sou a baterista, prazer.

"a cidade não foi feita para mim, não consigo andar sozinha pelas ruas. e não porque eu sou mulher e a cidade é um perigo, mas porque ando sobre rodas e não consigo subir e descer o meio-fio"


sexta-feira, 6 de julho de 2007

xreverx

um vídeo da xreverx de aracajú, que conta com membros do triste fim de rosilene (que tá entrevistado abaixo) achado no youtube. não há nome da música nem lugar do xou.
não conhece a rever, irmãzinha? então acesse o myspace delxs!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

true lies: entrevista com triste fim de rosilene

a carla do true lies pirou na onda do soror e ofereceu ajuda! eu como sempre ando choramingando de fazer coisas sozinha, topei a ajuda na hora. e ela me mandou umas entrevistas que sairam em números passados do true lies, posto aqui a da banda triste fim de rosilene que eu tenho o super orgulho de ter lançado no split com ofensa e mais treta pelo meu selo alea records, junto com o selo bahiano estompim records. é bonito porque inaugura uma seção de entrevistas aqui no nosso e-zine, e também porque coloca mais em foco as bandas nacionais.
obrigada carla, pela entrevista e pela força!

Triste fim de Rosilene

O TRF é de Aracaju (SE), vocal de garota, um som rápido com variações bacanas, letras bacanas. Eles saíram num split junto com Ofensa (ES) e Mais Treta (BA).

(Entrevista respondida pelo Ivo()

A perguntar que não quer calar..., qual foi o triste fim de Rosilene?

Hehehe, realmente essa pergunta nunca se cala mesmo, vamos lá...

Rosilene foi uma empregada doméstica preta e pobre que morreu atropelada no RJ na mesma semana que o Aírton Sena, sendo que a diferença é que ela foi atropelada por varias vezes até que fizessem algo e a coitada só foi reconhecida pelas digitais,sendo que todo o país parou e chorou a morte do Sena e ninguém tava nem aí pra Rosilene, aliás, para as milhares de “Rosilenes” pretas e pobres pelo mundo afora..

O que aconteceria se Rosilene não tivesse morrido?

Gostei muito dessa pergunta, mas pra falar a verdade não sei dizer se ela estaria melhor viva, provavelmente ainda seria empregada doméstica e cuidaria dos filhos e filhas chat@s de sua patroa/dona, enquanto seus próprios filhos limpariam o lixo e fariam o trabalho sujo dos burgueses. Provavelmente ia envelhecer sem entender realmente o porque de sua submissão e lavando roupas com estampas de libertação animal dos moleques brancos que escutam hardcore.

“Trabalho ou tortura? Empregado ou escravo? A agonia embasada em necessidade será isso qualidade de vida?” (Trabalho ou tortura? TFR). Como os trabalhador@s poderiam tornar seu trabalho menos torturante, o que falta para a classe operária conseguir uma condição mais digna?

Na minha opinião a questão não é deixar o trabalho menos torturante, a questão é acabar com ele, conseqüentemente acabar com a lógica sem lógica do sistema que exige que o trabalho seja

fundamental da forma que o vemos. Pode parecer loucura, mas loucura mesmo é trabalhar todos os dias, se matar a cada segundo, ver a vida se esvaindo e ter que aceitar isso porque suas necessidades básicas foram privatizadas. Portanto não acredito que a classe operária possa conseguir uma condição mais digna enquanto está submetida às migalhas patronais e que fique bem claro aqui que não estou culpando a classe operária, mas acredito que apenas com a destruição do capitalismo poderemos tentar imaginar o que alguém um dia idealizou como dignidade.

Vocês lançaram o 3 way (3 bandas em trinta minutos, mais treta e ofensa), como está a divulgação? Quais são os próximos lançamentos/projetos?

Bem eu acho que o cd saiu bastante, porque estamos tendo muito retorno, pelo menos por parte de contatos, de pessoas que comentam nos shows e nos lugares que tocamos e que pedem entrevistas e tal, a divulgação foi bem maior do que eu esperava.. A gente gravou um material novo esse ano, mas ainda não lançamos, provavelmente deve sair no começo do ano que vem.

O número de meninas ativas dentro do punk/hardcore é muito pequeno, salvando

as exceções. Porque vocês acham que isso acontece, como "reverter" isso?

Ah tem muitos fatores, desde a autoestima abalada que as garotas tem e que é muito entendível que tenham pela formação que recebem ou até mesmo na reprodução de valores machistas/sexistas que a gente tem dentro da cena e as vezes nem percebe... é difícil falar disso, as vezes passo muito tempo pensando numa razão, mas acho que na real não existe apenas uma. Sobre como reverter isso acho que não é uma coisa que deveria partir apenas das garotas, mas em grande parte sim, tipo meter as caras mesmo, tentar fazer as coisas e se cair levantar.. um lance interessante que ta acontecendo por esse lado é o wendo, que é um grupo que treina técnicas de defesa feminina e de certa forma acaba dando mais segurança as garotas tanto na parte física que é importante mas também na parte psicológica que eu também acho primordial, e isso que eu falei serve pras todos os aspectos não só pra dentro da cena. Quem quiser mais informações sobre o wendo tem um site que a Dani fez pra explicar melhor. (www.wendose.cjb.net)

Obrigada pela entrevista, o espaço é aberto a vocês.

Então. valeu por ter interesse e paciência em fazer a entrevista, desculpa mesmo a demora pra responder. Eu particularmente gostei de responder essas perguntas porque se focaram mais em nossas posturas (apesar de eu estar falando apenas por mim) e eu acho que assim é que deve ser, tipo transcender um pouco a parte musical do hardcore e entender realmente o que aquelas pessoas tanto gritam. é isso quem quiser entrar em contato comigo pra qualquer coisa meu email é areianosolhos@hotmail.com, abraço a todos que merecem!

Contato: www.tristefimderosilene.cjb.net http://www.myspace.com/tristefimderosilene

sexta-feira, 15 de junho de 2007

clip do disforme

gente, o disforme- banda resenhada recentemente aqui no blog- tá com um clipe maneirinho da música comboio. colo o vídeo aqui pra vermos, queridas.

sábado, 2 de junho de 2007

mais do conflict (us)

dia 22 de fevereiro eu fiz uma postagem sobre o conflict dos estados unidos com um link para mp3 de um xou ao vivo da banda e fiquei querendo achar as letras da banda, claro que uma pesquisa googleiana só serve para achar letras de outras bandas (inclusive do seu homônimo inglês- bem mais famoso); mas consegui o e-mail do bill c. guitarrista da banda e escrevi pra ele pedindo umas letras. ele me mandou o encarte da demo america's right, que eu disponibilizo aqui pra vocês;

pouco tempo depois disso eu ganhei um exemplar da maximum rock n' roll do mês de maio exatamente porque havia uma matéria sobre o conflict estadunidense. se tratava de uma entrevista com a vocalista karen alman e com o guitarrista bill c; a matéria se chama "the story of conflict" e tem umas fotos muito bonitas ilustrando... o tom da matéria é bem interessante, quem conta a história é um havaiano chamado lance hahn, e exatamente por isso ele começa a matéria falando da importância que (para ele) foi uma banda de hardcore com pessoas não-brancas (especialmente se tratando de estadunidenses asiáticxs- como karen e como ele mesmo);

para mim, ler essa matéria foi bem interessante, e ela chegou as minhas mãos quase junto com as letras da banda, então o sentimento que eu tinha respeito da banda se aprofundou. durante as 8 páginas da matéria dá pra ter certeza do que era apenas uma intuição ao entrar em contato com a banda pela primeira vez: o caráter político da banda.

primeiro: era uma vocalista meio asiática numa cena composta majoritariamente por caras brancos (lembrando do que garotas asiáticas representam num imaginário estadunidense, com a guerra e etc)- só isso já era suficiente pra aguçar minha curiosidade, e ter a intuição de que essas coisas apareceriam de alguma forma em suas letras, etc.
segundo: questões feministas (mesmo que de uma perspectiva ingênua) não poderiam ficar de fora das temáticas dessa banda; karen (uma lesbiana assumida) é citada como precursora tanto do movimento riot como do queercore; era uma homossexual assumida e as vezes isso aparecia em suas letras e isso em 1980...
terceiro: eram pessoas que decidiram montar uma banda sem serem azes em seus instrumentos. eu acho isso uma das coisas mais fantásticas do hardcore e acho que ela ainda vale hoje em dia; você pode com dedicação e vontade aprender um instrumento e montar uma banda interessante com coisas interessantes a dizer sem precisar ser a melhor instrumentista do mundo. isso é o encorajamento número um do f-v-m (faça-você- mesma)

o que achei mais interessante/triste de todas as coisas foi uma fala da vocalista karen (k nurse) falando que o hardcore nos eua foi se tornando cada vez mais um espaço retrógrado e dominando por uma mentalidade machista, e de senso comum - no pior sentido: ensopada da ideologia de supremacia branca, masculina, hétero- uma mentalidade refratária à crítica política que era comum no "começo" do hardcore. acho que esse tipo de risco se corre em qualquer espaço de política (e acredito que em qualquer espaço em que um grupo de pessoas conviva a política aparece de uma forma ou de outra).

então, chega de conversinha, irmãzinha, vamos ao ponto:
- você pode baixar o LP do conflict chamado Last Hour (cuja capa está ali em cima) nesse aqui.
- você pode baixar a demo america's right aqui.
- você tem encarte frente/verso da demo do conflict America's Right aqui em baixo (clicando na imagem dá pra ve-la maior)

quinta-feira, 24 de maio de 2007

resenha: Disforme 64 Nunca Mais!

finalmente eu resenho a demo do disforme. agora na sua prensagem gringa; pra quem não sabe nossxs amigxs da disforme foram recentemente lançados pelo selo português not just boys fun que é especializado em bandas com mulheres, pra quem não conhece, disforme conta com tainara nos vocais gritados.

o disforme vem conseguindo muita atenção no nosso cenário e merecidamente: além do som delxs, são pessoas envolvidas com a cena e que ajudam a mante-la seja aparecendo sempre nos esquemas, mas também entrando de cabeça na correria de fazer xous. marcelo (também do podrera e de mais 5 mil bandas) é um dos caras que mais sacode brasília e que mais incentiva o pessoal do riacho fundo com o peru music fest, um festival já tradicional, petrônio e negrete (também de mil outras bandas) estão com o clorofila boys que é uma iniciativa de fazer xous no melhor estilo faça-você-mesmx (fvm), tainara é zineira do falecido volkana zine e organizadora de xous também.

então vamos para a demo: nessa re-edição gringa o cd vem em envelope de papel muito bonito (preto-e-branco do jeito que eu gosto), encarte com as letras e release com foto.

são 7 faixas de um hardcore rápido, simples e direto, bebendo das velhas fontes. o nome da demo vem da faixa 4 "o golpe e a bossa nova" que fala do golpe de estado de 64 e da censura e perseguição de presos políticos. as letras são em sua maioria rimadas, como era de prache entre muitas bandas na década de 80 e 90. os temas são políticos, falam de guerra, de consumismo, de como o poder nos massacra, mas também de temas que flertam com o feminismo.

na letra "mulher" meu olho-clínico-de-feminista-chata detecta uma questão que todas nós sofremos em algum grau e que nossa vovózinha (hehehe sacanagem) simone de beauvoir já diagnosticou lá nos idos dos anos 40-50: o modo como a linguagem patriarcal nos perpassa de tal maneira que nós mesmas, nós mulheres, falamos de nós na terceira pessoa, como se falassemos de outras pessoas, como os homens falam de nós. falamos "a mulher" em vez de falarmos "nós mulheres". vejam, isso não é uma crítica propriamente, é só uma reflexão em cima de uma questão que a letra me sucita.

o meu destaque vai para a faixa 3 "independência" que é uma das minhas favoritas, mas a demo é toda bacaníssima, bem gravada (lá no ME o estúdio número do underground candango). e, como ela já tem um certo tempo que foi gravada, dá pra ver o quanto a tainara melhorou os seus vocais de lá pra cá indo aos xous. inclusive, eu demorei tanto pra fazer essa resenha que elxs já estão no estúdio novamente, gravando novos sons para um novo lançamento. isso é que é banda eficiente e zineira ineficiente. olha que beleza!

fecho a resenha desejando uma vida longa e frutífera pra disforme, com uma felicidade enorme de ver cada vez mais e mais meninas produzindo na cena e sendo reconhecidas, sendo respeitadas, e cada vez mais caras percebendo, incentivando e curtindo a participação de garotas como eu, tainara e mais um tanto de outras meninas que estão ativas na cena.

você pode ver/ouvir/entrar em contato com a banda (adquirir sua demo, inclusive) nesses endereços:
http://www.fotolog.com/bandadisforme/
http://www.myspace.com/disformedf

[essa resenha também está disponível no dfhardcore]

sexta-feira, 18 de maio de 2007

para baixar e ouvir: sin 34 !!!


de Califórnia, terra do circle jerks, black flag, etc, mas precisamente de los angeles, vem essa banda, que pra quem curte hardcore californiano é uma boa pedida! hardcore americano dos anos 80 com vocal feminino e com um baixão de destaque!

formada por 4 caras e uma mina, teve uma vida curta, duraram de 81 a 84, e nesse meio tempo gravaram uma demo, um ep 7'' e um lp, e tocaram em uma porrada de xous. confira a discografia:

DEMO tape (1982)
DIE LAUGHING 7" (Spinhead, 1982)
DO YOU FEEL SAFE? LP (Spinhead, 1983)

achei o 7'' die laughing por acaso nos arquivos do antigo site something I learned today. você pode baixa-lo aqui! minha música favorita é "join the race" que é mais rápida e tem uma pegada mais energética.

pra quem quiser ler mais sobre a banda, tem uma página delxs no kill from the heart e também uma rápida história da banda, postada por seu baterista nesse site aqui

boa leitura e espero que curtam a banda!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

pra quebrar o silêncio

faz tempo que eu não posto, mas não pensem vocês, minhas queridas, que esqueci do blog. ando sem muito tempo, mas preparando umas matérias legais.

mais sobre o conflict (tem uma matéria sobre elxs no número desse mês da maximum rock n' roll- eu acabei de ler ontem e a matéria é muito boa, são relatos da vocalista karen alman e do guitarrista bill cuevas; eu também estou com o encarte da demo delxs xerocado pra disponibilizar algumas letras pra vocês), achei uns mp3 do sin34 que depois boto pra jogo (se der certo ainda essa semana) com uma resenhazinha e um rápido histórico da banda; também resenharei a demo da banda brasiliense disforme e, por falar nisso tem uma resenha do headbanger's attack que rolou nesse fim de semana, lá no dfhardcore. nessa edição tocaram duas bandas com mulheres nos vocais, a já citada disforme, e a utgard trölls. confere a resenha lá.

andei cogitando a possibilidade de transformar esse blog num zine de papel... mas planos são planos.

quero aproveitar o post pra fazer um chamado pro corpuscrisis 2007. acesse o site e saiba mais sobre esse encontro de micro-política feminista, ação anti-racista, resistência capitalista e mais uma série de coisas istas que acontece todo ano no distrito federal (essa é a terceira edição). veja a wiki do grupo e saiba mais sobre o evento de 2007.

é isso, irmãzinha, aguarde novas postagens... elas virão. enquanto isso vamos quebrando o silêncio com as bandas já postadas aqui e com nossos gritos que nunca se calarão.


quarta-feira, 25 de abril de 2007

para ler

de vez em quando surgem trabalhos acadêmicos analizando o punk/hardcore.

nesse link você pode baixar e ler uma dissertação de mestrado, escrita no departamento de antropologia da unb e que tem por tema a produção feminina no hardcore. o nome do trabalho é "o grito das garotas" e ela foi defendida em 2006, escrita por fernanda gomes.

terça-feira, 10 de abril de 2007

sin34

o sin34 era, juntamente com o conflict uma das poucas bandas da cena americana de oitenta e poucos a contar com mulheres em sua formação. tem um xou inteiro delxs no youtube. aqui vai a primeira parte de sin34 ao vivo no olympic auditorium em 84:


sexta-feira, 30 de março de 2007

vídeo: abuso sonoro

aqui vai um videozinho do abuso sonoro que achei no youtube, a música é "grande mentira" e está no split 7'' com o no violence (lançado pela luna records)

quinta-feira, 29 de março de 2007

resenha 7'' mayombe- a história mela sangue

recentemente postei uma resenha do ep 7'' da finada banda brasiliense mayombe no dfhardcore.

para quem não conheceu a banda, era um powerviolence sinistrão com um vocal feminino potente. a banda encerrou suas atividades em 2002, mas seu único disco só saiu oficialmente ano passado. essa foto ao lado é do xou "reunion" de lançamento do ep.
confere a resenha do vinilzinho lá no dfhardcore.

e, caso se interesse em adquiri-lo, corra atrás da raw records.

para baixar e curtir: nog watt!


faz tempo que não posto dicas de bandas para baixarmos, né não irmãzinhas?

então aqui vai uma banda destruidora, com certeza uma das melhores coisas que conheci recentemente. vinda direto da holanda, terra de bandas fodidas como lärm, winterwijx chaos front, e uma porrada de outras, nog watt existiu por volta de 85-86, participou de algumas coletâneas e lançou apenas um ep chamado fear, que é esse que você pode baixar lá no 7 inchpunk:
http://www.7inchpunk.com/?p=787

o nog watt contava com uma vocalista chamada joanna, que tem um vocal animal, com certeza um dos melhores vocais femininos que já ouvi, e uma baterista chamada ingrid que também tocava numa banda chamada no pigs (que não conheço) o som é um hardcore/punk thrashado com guitarrinhas marotas as vezes mostrando uma influência do hardcore americano.

o vocal de joanna é bastante "emocionante" e os backing vocals são feitos por ingrid; o nog watt conta com refrões que grudam na sua cabeça, como na primeira faixa "big warning, big mistake". pra mim é difícil definir qual minha faixa preferida porque achei esse ep simplesmente demais, mais vou falar aqui que é "going on". eu achei o vocal meio parecido com o vocal da mina do bread and water (que fica pra uma próxima postagem)

dá pra ler mais sobre o nog watt no kill from the heart

segunda-feira, 19 de março de 2007

entrevista com toda dor do mundo

entrevista com minha banda, toda.dor.do.mundo no subversivo zine

(no último número impresso do zine você pode ler uma entrevista com a adriana do kaos klitoriano)

hardcore e garotas

esse post dá continuidade ao anterior, aonde apresentei o texto rock de saia, escrito pela clarissa e pela xandrac da lbl. trata-se de alguns pontos em que discordo com elas, ou outros pontos que gostaria de enfatizar, sublinhar ou destacar algumas coisas...

a idéia é colocar pontos de vista diferentes sobre o grande tema do envolvimento e do recebimento das mulheres no rock; no meu texto tentei colocar minha visão particular, que tem a ver com uma experiência específica de ser garota e atuante na cena de hardcore do distrito federal. tentei fazer um texto que partisse do pessoal mesmo. esse é um tema que muito me interessa e sobre o qual eu vivo conversando com quem quiser, então se você tem coisas a dizer sobre o assunto, deixe um comentário ou então me escreva em: sororidade@gmail.com

queridas, sintam-se a vontade para comentar, discutir, discordar, debater.


ponto 1: bandas com garotas- repúdio e paternalismo

no texto, clarissa e xandrac afirmam que os comentários do público normalmente se referem ao nosso corpo e quase nunca ao nosso desempenho como instrumentista.

discordo um pouco, mas tem a ver com minha experiência pessoal e talvez com a vivência em uma das muitas cenas musicais no df. lembro que elas falam de uma cena rock e eu falo de dentro da cena de hardcore extremo do df.
toco em bandas tem quase 5 anos, e já toquei em muito xou tosco, em vários lugares diferentes e em algumas cidades diferentes também. e em todos esses xous apenas uma vez um cara teceu esse tipo de comentário durante o xou. e o que é mais intrigante: enquanto eu tocava na minha banda "mista". quando comecei a tocar, ouvia muitos comentários sobre meu desempenho. normalmente falando que eu tocava mal, reto demais, sem viradas (já me chamaram algumas vezes de coelhinho da duracell). depois eles passaram a ser "porra, até que você toca bem" (o complemento "para uma menina" era as vezes engolido), ou "você tem muito mais pegada que muito marmanjo".

costumo pensar que em brasília o peso é mais leve. brasília apesar de ser uma cidade nova e pequena, já teve uma série de bandas só com mulheres tanto no hardcore como metal (tivemos o flammea, o volkana, o valhalla, o kaos klitoriano, o bulimia) e uma série de bandas com mulheres na formação (PUS, detrito federal, besthoven, death slam e tantas outras). nós sempre estivemos presentes ativamente no cenário musical underground do df. as vezes acho que isso faz a cena do df ser mais aberta à bandas com mulheres.

no entanto, já vi uma série de xous aonde os caras gritam horrores para as mulheres no palco. mas (discordando um pouco do texto da clarrissa e da xandrac) dentre essas coisas, o desempenho da gente como instrumentista sempre está na roda. acho que isso chega a ser o motor dos insultos, porque normalmente os caras chegam no xou com o pensamento "vamos ver se essas meninas sabem tocar mesmo". a hostilidade é anterior ao xou. me lembro de ter visto há muito tempo, xous aonde os caras xingavam as meninas por implicância, porque consideravam uma banda ruim que só tocava em xous por ser uma "banda de meninas". o que me leva ao ponto que quero defender: mais grave que o preconceito contra bandas com mulheres é o paternalismo com que somos tratadas. como se fossemos "meninas" mesmo, como se fossemos crianças brincando de fazer banda. muitas vezes somos chamadas pra tocar apenas por esse "exotismo" de ser uma banda de garotas, ou porque xs organizadorxs acham bom reservar um espaço para mulheres. é uma política do politicamente correto que sai pela culatra, porque acaba que temos um espaço de tratamento paternalista e diferenciado: as bandas de mulheres não são avaliadas da mesma forma que bandas de homens, normalmente o nível exigido é bem menor.

então parece que temos dois comportamentos oscilantes, um é o repúdio a mulheres em bandas e o outro é o tratamento especial e paternalista. e no meio, entre esses dois comportamentos temos um nada. e o paternalismo de alguns alimenta o repúdio de outros, que costumam se enraivecer porque uma banda "ruim, mal tocada, ou sei lá o que" está tomando um espaço que seria dos caras (e por isso de bandas "boas, bem tocadas") apenas porque pe composta por mulheres. essas identidades entre banda de mulher e ser mal tocada e banda de homem ser bem tocada já são pressupostas por esse tipo de discurso, elas não são discutíveis. assim, um comportamento alimenta o outro e entramos num ciclo estranhíssimo.

convenhamos que ambos os comportamentos são misóginos- um disfarçado e outro escancaradamente (e as vezes violentamente) misógino. no entanto, costumamos conviver bem com o primeiro comportamento... as vezes sem nem questiona-lo.

ponto 2: porque as bandas de/com mulheres são escassas?

normalmente a resposta a essa pergunta gira em torno do espaço ou da falta de espaço que existe na cena musical para mulheres se envolverem. mas eu vejo a situação inversa: muito espaço e muito “apoio” à iniciativas de mulheres dentro do hardcore (um apoio que eu percebo como paternalista, mais ainda sim um apoio).

por isso acho que a resposta a essa pergunta é mais complicada. no hardcore (pelo menos no que eu entendo como hardcore, na cena que eu vivo e para a qual contribuo) existem poucas mulheres nos xous, então é normal que apenas algumas delas montem bandas. aliás, se formos olhar para a porcentagem de mulheres que freqüentam a cena hardcore extremo de brasília e que tem bandas ela é muito maior que a porcentagem de homens que freqüentam a mesma cena e tem bandas isso porque não há quase mulheres em xous de "hardcore extremo" e as mulheres existentes estão bem envolvidas com a cena.

mas porque existem poucas meninas nessa cena? seria uma cena refratária a mulheres? seria tão misógina assim que as mulheres nem se interessam? eu costumo achar que isso acontece por causa dos papéis de gênero que aprendemos ao crescer. aqueles que falam sobre o que é próprio para meninas e para meninos. do mesmo jeito que não é próprio para meninas sentarem de perna aberta não é próprio para elas ouvirem grind. um som extremo é difícil de engolir mesmo; ninguém começa no rock ouvindo napalm death, você tem que ouvir muita coisa antes de agüentar a porrada sonora na orelha. e são poucas as mulheres que tem esse histórico de vida. unicamente porque esse é o tipo de coisa que não se enquadra na idéia tradicional do que é "ser mulher". e desafiar essa visão não é uma coisa muito fácil ou prazerosa. toda mulher sabe que jogar as regras do jogo é recompensador,apesar de frustrante...

tudo bem, parte um da resposta> há poucas mulheres tocando porque há poucas mulheres na cena, e há poucas mulheres na cena porque ouvir som extremo não é visto como algo "próprio para mocinhas". que mais?

além disso, poucas meninas tocam instrumentos. primeiro por falta de apoio dentro de casa, depois por falta de iniciativa (que é fundada nessa falta de apoio dentro de casa; seu irmão diz "você não tem coordenação motora pra tocar bateria" e isso fica na sua cabeça, minando toda sua vontade). existem uma série de exemplos próximos de pessoas que não sabiam tocar nada entraram em contato com o hardcore e foram atrás de aprender alguma coisa.

uma vez uma garota, que já foi envolvida com a cena, me disse que a coisa que mais irritava ela era o fato de ter que provar o tempo inteiro que gostava de som, e que conhecia coisas; o que era ainda mais estranho porque os caras trocavam entre si figurinhas sobre bandas novas e velhas, som, sobre o que era clássico ou não, mas as mulheres não tinham esse espaço; os caras não davam toques ou mostravam bandas para elas (ou para ela); o hardcore na visão dessa garota, era um clubinho masculino fechado aonde ela era uma estranha que deveria ser testada. isso pode ser um indício importante para pensarmos a questão que falei acima sobre as poucas mulheres na cena estarem super envolvidas com bandas, zines e etc (mas entrar por esse raciocínio parece fechar mais portas do que eu acharia interessante)

mais uma série de possibilidades podem ser levantadas. no entanto eu ainda não consigo entender porque existem poucas meninas na cena. uma vez me disseram que o problema das mulheres permanecerem no hardcore tem a ver com o que elas pensam ou querem da cena; enquanto os caras gostam mais/se preocupam mais com o som, nós nos preocupamos com a política, e política podemos fazer em outros lugares. e daí muitas saem da cena pra procurar lugares mais propícios (coletivos feministas, grupos de amigas, movimentos sociais, etc). é outra possibilidade, que mais uma vez mostra as marcas da separação entre o que entendemos ser parte do ser-homem e do ser-mulher. parece que essas formas de ser estão no cerne da questão.

os papéis de gênero aprisionam ainda uma série de desejos, vontades e aspirações femininas. e determinam boa parte de nossas vidas, personalidades e de nossas escolhas. mas é bom saber que as formas hegemônicas de ser tem suas contrapartidas, o que acaba por abrir possibilidades. eu lembro que a primeira vez que eu vi uma banda de hardcore com mulheres (um xou do kaos klitoriano) eu soube que era o que eu queria fazer. e cada vez mais isso acontece, cada vez mais garotas se inspiram a tocar e a se meter as caras em espaços que não são considerados “femininos” e o exemplo de uma inspira a vontade e o desejo de outras.

segunda-feira, 12 de março de 2007

texto: rock de saia


o texto que posto a seguir foi retirado do zine da lbl (liga brasiliense de lésbicas), e foi escrito pela xandrac e pela clarissa (que tocava guitarra numa banda chamada poena). eu achei ele muito interessante, e ele dá muito pano pra manga, muita margem à discussão. aliás essa questão da participação feminina na cena de rock sempre me preocupou/intrigou, e sempre que posso converso com pessoas diferentes sobre o assunto (como diria um amigo meu, o feminismo é o grande monotema na minha vida hehehe).

minha idéia ao postar esse texto é dialogar com ele. então a minha metodologia será a seguinte: postarei o texto delas, na íntegra, tal como foi impresso no fanzine e depois levantarei tópicos de acordo/desacordo/reforço; a idéia é colocar alguns pontos de vista diferentes e tentar contribuir para a discussão. vamos lá? confere o texto e deixe seu comentário.



Rock de saia

Por Clarissa Carvalho e Alexandra Martins

Nunca fui muito fã de Barbie ou de “coisinhas rosas” que se mexem e sorriem pra mim. Da mesma forma que na adolescência, meu maior sonho nunca foi ser modelo ou fazer plástica para ter seios maiores. Não... na verdade, eu queria mesmo ter uma banda de rock – isso mesmo, uma banda de rock.

Percebe-se que nunca fui o que tipicamente se espera de uma menina. E mesmo em pleno século XXI, algumas pessoas se espantam ao ver mulheres em bandas de rock/metal, seja tocando ou apenas curtindo o som nos shows.

São inumeráveis os “elogios” que mulheres que estão no palco ouvem. Vai desde “linda, tira a roupa, casa comigo, princesa” a “desce daí e vem me dar o seu o cú, sua vagabunda!”. Tudo que você imaginar que se refira ao seu corpo e quase nunca ao seu desempenho como musicista.

Foda-se o que você está tocando: se subiu no palco “deu” o direito de ser objeto masculino e vai ter que pagar por isso. É um tipo de punição: muitas são palavras de ódio, pelo simples fato de você ser mulher. Sim, se mulher está no palco, eles se sentem no direito de subir para beijar.

Toda mulher com atitude ou com gosto por músicas mais pesadas, são passíveis de desconfiança e por isso têm que passar por uma “comprovação”. Como se tivéssemos que provar pra todos/as que sim, curtimos rock/metal; sim, nos divertimos no show e sim, conheço as músicas da banda. Nós mulheres, estamos sempre em teste.

A violência

Ações como as relatadas anteriormente também são demonstrações de violência contra a mulher.

Quando se fala em violência, é comum imaginarmos cenas relacionadas à violência física e sexual, como espancamento, estupro, etc.

Mas também existem agressões pouco reconhecidas, como a violência psicológica, moral, institucional e patrimonial. É importante ressaltar que o fato de uma violência ser menos reconhecida que outra, não significa que ela será menos importante ou terá menor impacto.

Nos casos relatados, exemplifiquei a violência psicológica e a moral. Estes tipos de violência se dão no abalo da auto-estima da mulher, por meio de palavras ofensivas, desqualificação, difamação, proibições de estudar, trabalhar, se expressar, manter uma vida social ativa com familiares e amig@s, etc.

A violência contra mulher é caso sério e pode acontecer em todos os locais: na escola, trabalho, dentro de casa, entre amigos/as, num simples circular na rua e, como vimos, em shows de rock.

Resistência

Mesmo com toda a repulsa às mulheres que formam bandas de rock - desde a falta de apoio da família e amig@s para elas aprenderem um instrumento até a violência moral e psicológica que vão sofrer ao pisar num palco – sempre houve bandas de rock com mulheres.

O que isso significa? Será que, na verdade, o rock sempre foi um espaço também feminino? Não. Penso que todo reconhecimento que uma banda com integrante mulher conseguiu foi a custo de sua própria disposição em provar que a banda poderia fazer um som legal e ser ouvida.

E aqui eu vejo duas estratégias diferentes que as mulheres acharam para se inserir no rock:

1) Elas fazem parte de bandas mistas. Nesse sentindo, a banda busca passar a mensagem que a presença de uma mulher na banda não muda seu desempenho, sua capacidade de compor boas músicas e fazer bons shows. Naturaliza-se a presença da mulher, constituindo “mais uma banda comum”.

Nesta, todos os integrantes sobem juntamente ao palco e quase todas as críticas direcionadas à mulher, também serão recebidas pelos homens da banda – o que gera uma cautela maior do público antes de falar merda.

O problema das bandas mistas é que esse maior “respeito” pela banda, parece-me, ocorre mais para com os integrantes homens da banda - pela legitimidade que eles deram àquela mulher ao “aceitá-la” na banda – do que para a própria mulher. De uma forma ou de outra, acredito que bandas mistas sempre contribuíram para tornar a mulher mais presente no espaço do rock e metal.

2 ) Elas montam “bandas de meninas”. Para isso é necessária muita astúcia, pois mesmo que não intencionalmente, a mensagem acaba sendo: “Vocês acham que a gente não toca nada e deveria estar rebolando para vocês, mas aí: eu não dou a mínima, tenho o direito de tocar as minhas músicas e vocês vão ouvir.” Independente do discurso da banda de meninas – se são feministas, ou não – elas constituem bandas ofensivas a boa parte do público masculino do rock.

Poucas chegam a ter o reconhecimento musical que as bandas masculinas e mistas têm. Muitas pessoas costumam dizer que bandas de meninas “tocam mal”. E aqui eu imagino toda a violência psicológica que as mulheres sofrem quando resolvem tocar um instrumento até toda a pressão de terem que provar aquilo que o público nega-se a aceitar quando sobem no palco para depois dizerem que mulheres “tocam mal”??!!!

Muitas pessoas “tocam mal” quando estão aprendendo. A diferença é quando um homem “toca mal” é porque está aprendendo, ou estava nervoso no dia, já a mulher “toca mal” porque é mulher.

Esse é um dos estigmas das bandas de meninas. Seu problema é que independente do som que toquem, das letras que escrevam, da atitude no palco, da idade das integrantes, são sempre “apenas uma banda de menina”*. Porém, elas se tornam mais transgressoras no sentido de que sempre estão lá para lembrar que o rock deve ser um espaço de todos os gêneros, quer queira, quer não. Mesmo com todo esse estigma, elas também inspiraram muitas meninas (e até meninos) a tocarem e, também, a assumir posições que desejam, mesmo que não lhe sejam oferecidas.

Podemos dizer que no Século XXI algumas coisas mudaram. Entretanto, temos que ter consciência que esse espaço ainda é predominantemente masculino e, muitas vezes, violento contra as mulheres.

Eu me pergunto para onde o rock quer caminhar com sua plaquinha de “subversão ao sistema” se no seu interior é conservador quanto as posições das mulheres? Que subversão é essa, então? Nenhuma, em minha opinião.

*Engraçado, que não existe “banda de menino”, pois banda de homem é quase um pleonasmo. Nossa própria linguagem exclui.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

mais uma pra baixar: conflict!


estava fuçando em um site bem interessante chamado punk rock flyer archive (1982-1984), que tem um arquivo de flyers e fotos de xous que rolaram em tucson, phoenix e los angeles, muitos flyers bacanas de bandas americanas clássicas (circle jerks, black flag, husker dü, DK, JFA, toxic reason) e algumas fotos de xous e eis que me dou de cara com a foto do conflict (uma banda presente em boa parte dos flyers no site e que eu nunca tinha ouvido na vida)... pensei: "po, tenho que achar essa banda por ai". mas como eu sou precária pra diabo, não uso essas ferramentas chiques de download e nem tenho soulseek (é foda não ter um computador próprio) então complica... mas, para minha sorte, existe no punk rock flyer archive uma seção de mp3 aonde podemos achar uma gravação ao vivo da banda, dum xou em 1982. fiquei doida: simplesmente bom demais! me surpreendeu de tão bom.

pela foto esperava um punk rock com uma mulher esganiçada gritando. e, irmãzinha, é um hardcore poderoso, rápido e energético (um pouco na linha das bandas já citadas) com um vocal bonito demais, cantado, como era de praxe nesse meio ai, no entanto mais grave do que eu esperava de uma vocalista de ascendência japonesa (na minha cabeça as mulheres japonesas tem vozes bem finas- mas, ao que parece, isso é um estereótipo bobo hehehe).

baixe lá, tem outros mp3 de outras bandas (que você pode aproveitar e dar uma baixadinha), mas não deixe de pegar os arquivos do conflict porque é demais. minha faixa preferida é America's Right.

fui buscar informações sobre a banda e o que descobri é que elxs contavam não só com karen alman nos vocais, mais com outra japonesa, mariko, no baixo (perceba que na foto a formação é diferente- no baixo temos matt griffin), na guitarra tocava bill cuevas (que é o responsável pelo punk rock flyer archive) e na bateria um cara chamado nick. a banda é de tucson mesmo e existiu entre 82 e 84. a discografia delxs é:

-America's Right - cassete contendo 5 músicas
-Last Hour LP (Placebo)
- This is Phoenix, Not the Circle Jerks compilation (Placebo) - com 3 músicas

outra coisa sobre o conflict, é que juntamente com o sin34 era uma das poucas bandas dessa cena americana nessa época que contava com mulheres na formação; e é claro que a especificidade transparece nas letras da banda.

você pode achar mais informação no site blood sisters (o sobre mulheres em música pesada e não naquele sobre ativismo menstrual). lá tem um pouco sobre a banda contado pelo guitarrista bill c e também pela vocalista karen (aka nurse) alman.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

mulheres no punk- links legais

parte do site punk77, é o punkettes77 -women in punk (1976-1979), que trata das mulheres no punk. trás informação sobre as bandas do começo do punk e tem uns textos , entrevistas com algumas mulheres em bandas.

a idéia central defendida pelo site é que o punk mudou a cara da música- ou pelo menos a relação de mulheres com música. antes do punk as mulheres eram apenas cantoras de bandas masculinas, ou fãs (ou mesmo groupies, segundo o site) depois do punk apareceram mais e mais bandas com mulheres tocando instrumentos, bandas só com mulheres, etc.
confere lá!

outro site legal, com muita coisa é o women of 1970's punk, contém bastante informação sobre bandas (não apenas de 76-70 mas também do que ela chama a segunda onda do punk no reino unido e até mesmo algumas bandas americanas e canadenses- tem muita coisa) , uma vasta bibliografia/filmografia. dá pra fuçar bastante nesse site, vale muito a pena!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

dica de site::: meninas hardcore


essa semana uma amiga me disse que o site do meninas hardcore está de cara nova.
fui lá conferir e resolvi colocar a dica. além de muitas bandas com meninas cadastradas (você pode ficar um bom tempo olhando e conhecendo novas bandas) rolam no site entrevistas, resenhas, colunas... etc.
dá uma visitada!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

da finlândia: RUTTO

voltando a postar redirecionamentos para o 7inchpunk, aqui temos dois ep's de uma banda obscura da finlândia (aliás pra quem quiser chafurdar nesse mundo de obscuridades finlandesas segue o site http://finnishobscurity.blogspot.com/), o rutto.

segundo o meu querido site 7inchpunk, essa era uma das poucas bandas punks finlandesas com vocal feminino na década de 80. apresentando membros em comum com bandas como kuolema e terveet kädet, a banda contava com uma vocalista altamente esganiçada, meio vocal de muleca doida: um encaixamento/tempo estranho, que parece ter sido encaixado naquela hora mesmo, uma coisa que é as vezes falado as vezes rasgadinho... isso acompanhado daquela guitarra caixa de abelha, com poucos acordes, música simplesona com muita repetição.

engraçado que a sonoridade do finlandês as vezes parece com a do português (ouçam a música ei paluuta e pensem se não concordam comigo- tem uma hora que eu posso jurar que ela fala "vai bater na sua cabeça" hahahaha)

você pode baixar dois ep's (as gravaçãos não são uma maravilha, mas há de convir que já tem mais de 20 anos que essas bolachinhas foram gravadas):

Rutto - Ei paluuta 7″ (IKBAL 006) '83

RUTTO (T.H.E.R.) - Ilmastoitu Painajainen 7″ EP (Ikbals-007) 1984

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

todador- marca do medo

esse post é só porque essa é minha banda do coração, primera banda que montei, aonde comecei a aprender a tocar bateria... e que depois de 3 anos na criogenia, voltou com força total.
todador, uma banda de hardcore no estilo old school de ser feito por quatro meninas.
esse vídeo é bem tosquinho e é do nosso segundo ensaio depois da "volta"... e com nossa nova vocal, a juba (que tocava bateria num powertrio de meninas chamado eixo zero). mas quis colocar aqui por ser uma coisa querida (no espírito do último post sobre o la carnissa)


quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

para baixar: zine la carnissa

o la carnissa era um zine com orientação feminista que eu e minha querida tatiana fazíamos- tivemos 5 números feitos, cada número era temático e tinham textos de pessoas legais, com afinidades políticas conosco. sempre que a gente lançava um número fazíamos uma semana de conversas, oficinas, debates e, as vezes, shows de hardcore. a partir do la carnissa que surgiu o corpus crisis, um coletivo que fazemos parte e que você pode conhecer aqui: http://www.corpuscrisis.org

esse nome engraçado era pra brincar com nomes de revistas para garotas, como a revista carícia (que nem existe mais, acho) e no começo éramos um monte de meninas fazendo um zine, acabou que ficamos só eu e a tate. tínhamos idéias para novos números, mas elas estão guardadas...

esses arquivos estavam no site do corpuscrisis, mas sei lá porque eu tirei o link para baixar da página, então resolvi colocar aqui (faltam o número 0 e o número 2):

número 1 esse é sobre racismo
número 3 sobre homocoisas (esse arquivo é gigante)

[para ver número 1 e número 2 baixe o cdisplay- acredito que abra no acrobat, mas o cdisplay é bem legal, bonito e ótimo para ler hqs no computador]

número 4 sobre pornografia (esse é no word)

no myspace

no myspace dá pra encontrar iniciativas que colam com a proposta do soror, como selos/distros ou zines voltados para bandas com mulheres, dá uma visitada:


http://www.myspace.com/notjustboysfundiydistro

http://www.myspace.com/emancypunxrecords
http://www.myspace.com/meninashardcore
http://www.myspace.com/riotnotquietzine
http://www.myspace.com/clitocorezine
http://www.myspace.com/chaosxgrrlz
http://www.myspace.com/xsisterhoodx

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

do Japão: GAS

querendo manter um ritmo agradável de postagem, vos apresento essa semana uma banda punk japonesa, de Hiroshima, com vocal feminino da década de 80: GAS.

assim com aconteceu no post passado, tenho pouquíssimas informações sobre a banda, mas o que tenho compartilho com vocês, ok? aliás, se alguém tiver mais informações, peço que postem em comentários...

o som é empolgante e o vocal da mina que canta a partir do "The Day After" é muito foda- uma banda que me agradou de cara; a referência é discharge- é como lá se diz, o discharge mudou o rock pra sempre!

depois de lançarem o "No More Hiroshima", seu primeiro lançamento, eles mudaram de formação, trocaram de guitarrista e de vocalista (saiu o cara que cantava antes e entrou uma mina no lugar) e lançaram outro 7'' entitulado "The Day After"

dá pra baixar os dois eps "no more Hiroshima" (com o antigo vocalista) e "the day after" (com a nova vocalista) lá no 7inchpunk (é minhas primeiras postagens serão chupando o 7inch mesmo... hehehehe)- coloco o link apenas para o disco que tem a mina no vocal (que droga que é não saber os nomes dxs integrantes):
http://www.7inchpunk.com/?p=355


dá também pra ver uns vídeos delxs (com muito laquê nos moicanos e roupas de couro daquele jeito que só o Japão nos proporciona), dum xou em 1984 no youtube, aqui vai o link para uma das músicas que mais gostei, chamada defeno:

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

apes of wrath

primeira real postagem no nosso blog e é sobre uma banda alemã mas também contém algumas reflexões rápidas sobre política feminista frente as questões animais/naturais. espero que baixem, curtam, comentem, e continuem visitando nosso site porque tem muita coisa boa por vir. caso queiram trocar idéia, participar, enviar sugestões, mp3, fotos e etc escrevam: sororidade@gmail.com

apes of wrath é uma banda alemã formada apenas por garotas. elas fazem um punk rock gostoso cantadinho em inglês.

procurando informações sobre elas não achei absolutamente nada além do que está no site em que baixei o 7'' delas. mas achei esse site aqui que nada tem a ver com a banda, mas tem um artigo chamado "apes of wrath" [ao que parece é um trecho de um livro dessa mesma autora barbara smuts] falando sobre a violência contra fêmeas entre os babuínos, tentando fazer um paralelo com a violência contra mulheres. eu sei como é feministicamente complicado esse apelo à relações entre animais para explicar as relações entre homem/mulher como tem sido usado para justificar comportamentos e torná-los naturais. uma referência à agressão sexual entre outros primatas poderia ser usada como desculpa para estupradores se inocentarem; se a violência e o abuso são naturais ele não pode fazer nada para resistí-los... algo nesse nível. é nesse sentido também que as teorias sobre como as diferenças no investimento parental de homens e mulheres definem papéis e formas de relacionamento (o homem sendo naturalmente polígamo e a mulher monogama, etc.) caminham. o apelo a natureza tem sido usado para justificar diferenças socialmente valoradas, ou para justificar hierarquias.

mas acho que não precisa ser necessariamente assim. tenho um palpite que podemos usar essa "ferramenta do mestre" em nosso favor. penso que uma perspectiva feminista para coisas parecidas com a sociobiologia seriam interessantes... talvez atribuir à natureza um caráter mais fluido e menos fixo, ou pensar como a política ocorre entre animais; costumamos pensar que natureza e política se excluem mutuamente- ou que a política só ocorre em âmbitos humanos e por isso mesmo culturais. a sociobiologia tem essa vantagem de buscar a política em âmbitos animais, mais parece que ela descamba pro outro lado, para justificar a política entre seres humanos como naturais. e o que eu tava pensando é o completo oposto. enfim... isso tudo nada tem a ver com a finalidade da postagem que é apresentar o apes of wrath...

você pode baixar um 7 polegadas delas (se não me engano é a demo delas) no site 7inchpunk [um site muito foda, onde eu descobri essa banda] nesse endereço aqui: http://www.7inchpunk.com/?p=734