segunda-feira, 28 de abril de 2008

e na campanha de auto-promoção 2008: silente

e na campanha pela auto-promoção 2008, eis que surge um post sobre... hum? não acredito... a minha própria banda. TANAM!!!

esse é mais um post oriundo da conexão true lies, foi uma entrevista que a carla fez com a silente. pra quem não conhece, silente é um hardcore crustado as fuck como bien le gusta y más, tocam nele tate (baixo) e eu (bateria) y alex (vocal) e caio (guitarra). a banda anda meio sumida dos palcos mas existe uma produção e a vontade de gravarmos até o meio do ano. espero que role.

(silente)

A arte do ep ficou bacana, algumas vezes me pareceu exagerado, mas no fim ficou denso. Alguns textos/comentários no ep ficaram bem diferentes do que vemos por aí (por exemplo a filmografia/biografia do cineasta Afonso Brazza) e outros pareciam realmente ansiosos para se tornarem frases. Porque essa preocupação além das letras?
Hum... não entendi muito bem esse lance de "ansiosos pra se tornarem frases", tudo são frases mesmo, né? Acho que ficou legal ser poluidão. Ficou denso e tenso também. Esse encarte levou muito tempo pra ser finalizado, foi lindo quando buscamos na gráfica, emocionante. Acho que hardcore não tem que ser só letras. Tem um monte de coisa que não sai do plano das intenções. Não que isso seja necessariamente ruim, mas enquanto fazíamos o disquinho estávamos numa onda de mergulhar totalmente nas coisas, não só ficar molhando os pezinhos na água pra testar a temperatura... Sobre o Brazza, o cara é um ídolo e acho que temos que lembrar dele, falar dele, assistir os filmes clássicos... Essas vinhetas são má
gicas e coloca-las sem falar nada do mestre do faça-você-mesma seria muita filha-da-putagem.

"O que afasta você de sua vida é achar que sua vida é essa merda que te oferecem como se fosse um grande favor e você aceita sem reclamar" (trecho de um dos textos). Fora a passividade que algumas pessoas encaram suas próprias vidas e ter que sacrificar tanto tempo em trabalhos ruins, como vocês acham se possível de algum modo tomar o que é nosso que eles querem transformar em lucro? Acho que temos tentado retomar o que é nosso, ou pelo menos estamos tentando resistir minimamente à espoliação. É muita coisa funcionando pra destruir, entorpecer, seduzir a gente, de ter que acordar pra ir trabalhar até mesmo nos sentirmos escravizadxs pelas coisas que acreditávamos que iam nos libertar... O sistema quer se enfiar em todos os nossos buracos sem lubrificante, sem pedir licença, e mesmo se pedisse isso ia continuar sendo "estuprativo". Sei lá. Acho que andamos numa onda meio negativa, mas o pessimismo também pode mobilizar, não é só imobilidade, tédio e assistir tv. o silente é uma brecha, o corpuscrisis é uma brecha, a gente se encontra, se diverte, faz coisas que parecem tão verdadeiras quando estamos juntxs... Acho que a pequena resistência do cotidiano, as pequenas sabotagens ao mercado de trabalho, dormir bastante, ocupar o que te resta de tempo de forma que te deixe mais contente, fazer uma horta na varanda, descomprar, intervir em paredes, muros, cartazes, eu sei lá! O que vocês acham que é possível fazer pra retomar o que é nosso?

Os desenhos do Nathan são fora do comum, vagos subjetivos. Como rolou o contato pra ele fazer a capa do ep? Vocês ficaram satifeit@s com o resultado final? Ficamos demais! Foi assim: vimos uns desenhos dele num site, trocamos imeios, ele topou prontamente. Ficou bonito demais. Queríamos uma coisa que fosse inacabada e meio caótica, e os desenhos dele se encaixaram como uma luva. Inclusive tem outros desenhos que ele mandou, meio que esboços, e a gente incluiu na arte.

O número de meninas ativas dentro do punk/hardcore é muito pequeno, salvando
as exceções. Porque vocês acham que isso acontece, como "reverter" isso?
Eita. Pergunta difícil porém recorrente. Primeiro acho que escutar som extremo não é uma coisa fácil e comum, tem que ter um histórico de podreiras pra poder ouvir um napalm death, acho. Segundo, penso que tem uma coisa de gênero aí (ou melhor, de educação para um papel especifico de gênero): o que é som de menina ouvir x o que é som de menino ouvir, sabe? Acaba que poucas meninas escutam som extremo, mesmo dentro do hardcore... E tem uma coisa de menina não toca tal e tal instrumento,
também. É um pouco complicado quebrar essa barreira e a barreira que acaba se juntando com essa, a do público-privado. Então tem várias coisas que geram uma atividade pequena de meninas na cena; como reverter isso? Sei lá. Acho que não tem uma fórmula mágica pra isso. Não tem políticas públicas de inclusão de meninas no hardcore, sabe? hehehe. Não acho que projetos voltados para o público feminino revertam esse processo. Por um tempo fizemos xous só com bandas com garotas, e isso não faz a mínima diferença, sou cética com respeito a esse tipo de coisa. E tendo a achar ruim quando pessoas gostam dessa ou daquela banda porque é composta por meninas. Cheira a paternalismo, sabe? "Olha que bonito as menininhas brincando de fazer banda". Não gosto, me sinto mal com isso, na verdade.

Depois do ep, quais são os novos projetos e planos de gravações? Nosso processo de produção tem um tempo muito próprio, mas estamos sonhando em gravar músicas novas pra uns lançamentos mágicos. Por enquanto estamos conhecendo as músicas novas, nos acostumando a elas, nos reacostumando a tocar depois de uma longa hibernação...

Alice e Tate como ex-zineiras que são, o que acham que falta nos zines que possa tirar @s jovens de seus quartos seguros e roupas confortáveis? Eu espero que esse ex-zineiras vire em algum momento ainda-zineiras. Na verdade, apesar do carnissa (zine que eu e a Tate corríamos atrás de fazer) estar meio-morto, eu continuo com um e-zine chamado dfhardcore que é voltado para cena daqui do df e do entorno, então sou um pouco zineira (apesar de achar e-zines uma porcaria hehehe). Fazer zine é uma das coisas mais fodas de estar imersa no underground, na verdade, sinto falta do carnissa porque ele era exatamente o que achamos que falta nos zines por ai: política. O carnissa nunca falou de música, ele era 100% textos políticos com um enfoque feminista forte. Não quero com isso dizer que zines de música são uma merda, mesmo porque eu tenho um zine de música e essa crítica funciona pra ele, inclusive, mas parece que o que você pode criticar nos zines é o que você pode criticar na própria cena. Parece que estamos mais preocupadxs com som do que com a política, e na minha cabeça essas coisas deviam estar de mãos dadas...E é legal usar roupas confortáveis, roupa que incomoda é palha.

O corpuscrisis rolou esse mês, como foi o resultado final do projeto? E qual a idéia do evento? O corpuscrisis não tem resultado final, porque ele é um processo. a idéia que ta rolando agora é de sermos um grupo fluido que se encontra ocasionalmente e que tenta quebrar isso de só produzirmos pro encontro. Enfim. O encontro rolou fim de semana passado, foi trabalhoso pra caramba mais muito gostoso, no fim das contas. Conseguimos um espaço lindo, super confortável e bonito e passamos os três dias lá com uma série de questões nos corpos (não só nas cabeças), no meio de gente amiga e querida, disposta a trocar idéia...
A idéia do evento é passar o feriado conversando sobre as crises dos corpos, do gênero e das sexualidades. E assuntos conexos (ou aleatórios!). As atividades são propostas livremente por qualquer pessoa de boa (ou má) vontade e é isso, esse ano a barreira entre público e "palestrantes" (se é que podemos chamar assim) ficou mais líquida, o que é muito bonito, no final das contas. Dêem uma olhada em
http://corpuscrisis.sarava.org

Valeu pela entrevista, boa sorte pra vocês, o espaço é aberto. A gente também agradece, muito obrigada pela força que tão dando pra gente, pelo retorno sobre as coisas que issemos/fizemos/escrevemos (isso é muito importante!). Vocês serão muito bem-vindas nessa Brasília eterna. Continuem espalhando a doença, o barulho e o incômodo! As cidades vão ruir, sob nossos sonhos ou por nossas frustrações!

Contatos- alixe@riseup.net/http://myspace.com/nohaybanda/ http://corpuscrisis.sarava.org CxP 317 cep:70359-970 Brasília/DF




quinta-feira, 24 de abril de 2008

para baixar e curtir: bread and water

bread and water é uma banda americana, de dallas, texas, que já teve 3 discos lançados pelo selo burrito records:
dois eps 7'' - um chamado "future memories" e um split com o reason of insanity.
e também um lp, chamado "everything so far".
a banda leva um hardcore bacana, meio crustado meio melodioso, com letras políticas e a vocalista tem um timbre de voz bonito, meio rouco.
dá pra ver um vídeo engraçado delxs aí embaixo.
existe também um myspace delxs.

eu já conhecia a banda desses dois sete polegadas da burrito records, mas essas músicas quem me passou foi meu querido amigo andrei, morador da cidade do rio de janeiro. se trata de uma parte (será um lado?) de um LP mais recente (2000) da banda chamado "everything so far".
baixe aqui



terça-feira, 15 de abril de 2008

confabulando

queridas,
enquanto mais postagens sobre música não acontecem, posto sobre uma coisa muito bacana:
a wiki do corpus crisis está de volta. é um sítio de conteúdo editável, e de criação conjunta com uma série de textos bacanas - do coletivo, de outras pessoas, traduzidos, etc.
vai lá, dá uma lidinha nos textos, veja algo sobre o encontro 2008, se quiser editar um texto, postar um texto teu ou algo do tipo, escreva pro grupo, ou pra mim.
o endereço é: http://confabulando.naxanta.org

quarta-feira, 2 de abril de 2008

mais nogwatt pra baixar e curtir

olá garotas-marotas,
tentando fazer mais postagens, aproveitando que nessa semana tenho que ficar algumas horinhas no computador finalizando uns textos e que a preguiça de me dedicar integralmente aos estudos tá grande.
enquanto posto isso aqui deveria ler/escrever sobre uma feminista belga muito bacana, chamada luce irigaray. estou lendo com calma seu livro speculum of the other woman que é bacaníssimo, porém um tanto difícil. tem um texto dela traduzido na revista do gefem (grupo de estudos feministas) da unb. chama-se a questão do outro. nele ela retoma a discussão da beauvoir sobre mulheres como o outro de um mesmo que é o sujeito masculino; isso é um dos pontos de partida de outros textos dela. o radicalmente outro, ou o diferente, a tentativa de entender a diferença sexual de uma outra maneira, não hierárquica ou antagônica. isso levanta uma série de questões muito relevantes ao debate feminista contemporâneo: vale a pena falar em diferença sexual ou a idéia mesma de que haja uma diferença sexual já trás problemas? vale a pena insistir numa especificidade feminina?


mas, tá. estou postando justamente pra dar uma desligada dessa discussõa; vamos à música: há alguns meses eu achei num blog dedicado a bandas holandesas, três músicas do nogwatt (que já rendeu um post aqui no sóror por seu ep fear) que entraram num LP chamado "beware of the wolf in sheep's clothing" - uma coletânea de bandas holandesas feita em 1984 contando com o no pigs (da mesma baterista do nog watt), indireckt e algumas outras bandas. segundo o próprio dono do blog, integrante de uma das bandas, essa gravação do nogwatt é a única coisa que salva no lp . e por isso mesmo ele só upou as músicas delas.
são 3 músicas apenas, mas eu ainda prefiro o ep fear, acho que tem mais energia. mas é bacana!
baixa lá, xuxu. e dá uma lidinha no texto do sujeito (se você lê em inglês).

terça-feira, 1 de abril de 2008

dia da mentira: primeira postagem do ano

parece mentira, mas não é.
eu voltei a postar, irmãzinhas.
primeira postagem do ano, que vergonha. mas é isso: muito estudo e correria, pouco acesso à internet e essa lenga-lenga de sempre.
mas o importante é que o blog se mantenha, mesmo que devagar e sempre.

essa postagem se divide em 3 partes:

1- queria divulgar um blog que tem uma idéia parecida com o sóror, o menstrual attack, feito por 3 meninas aqui de brasília, já tem umas postagens bacanas, visitem lá:
menstrual attack

2-queria disponibilizar para download o zine o coletivo corpus crisis fez ano passado. pra quem não conhece o coletivo corpus crisis, trata-se de um coletivo "de micro-política e guerrilha feminista contra o patriarcado" ou algo que o valha. o coletivo organiza, em brasília, um evento durante o feriado de corpus cristhi para conversar sobre política cotidiana, faça-você-mesma, feminismo, anti-capitalismo, diversidade (ou divergência?) sexual, anti-homofobia, anti-racismo, anti-especismo...
esse primeiro zine, chamado confabulando (o nome da finada wiki do grupo) trás alguns textos escritos a uma ou várias mãos. abordando temas como pornografia, luta anti-manicomial, estupro e abuso de confiança, linguagem inclusiva, aborto, além de textos sobre o retome a noite, o PORNós, e alguns textos ligados as duas edições passadas do evento.
baixe aqui o confabulando

3- pra não ficarmos sem uma musiquinha pra rebater.
a banda é o the bags, uma das bandas da primeira leva de punk rock de Los Angeles; 77 é o ano do primeiro xou da banda, que contava com três garotas: janet na guitarra pat bag no baixo e alice bag no vocal. a idéia inicial da banda era ser só de mulheres, mas pacabou que a formação ficou com joe nanini na bateria e geza x na outra guitarra.
uma curiosidade: nos primeiros xous elxs chegaram a tocar com um sacos de pão na cabeça (fazendo uma piadinha com o nome da banda), mas durou pouco tempo.

pra aquelas que lêem em inglês, dá pra ler uma entrevista bacana (mas meio maluca) com pat e alice aqui.
dá pra visitar o site de alice bag, que é muito bacana, tem várias fotos, algumas coisas sobre a história das mulheres no punk, alguns textos e entrevistas bacanas aqui.

seguem os vídeos das músicas babylon gorgon (na verdade só a música e uma imagem bem bonita da banda- acredito que a capa do disco survive) e violent girl (ao vivo no
TROUBADOUR em Hollywood em 1978- que dá pra sentir um pouco da energia do punk rock recém nascido- destaque para as cadeiras voadoras)

babylon gorgon



violent girl