quinta-feira, 24 de maio de 2007

resenha: Disforme 64 Nunca Mais!

finalmente eu resenho a demo do disforme. agora na sua prensagem gringa; pra quem não sabe nossxs amigxs da disforme foram recentemente lançados pelo selo português not just boys fun que é especializado em bandas com mulheres, pra quem não conhece, disforme conta com tainara nos vocais gritados.

o disforme vem conseguindo muita atenção no nosso cenário e merecidamente: além do som delxs, são pessoas envolvidas com a cena e que ajudam a mante-la seja aparecendo sempre nos esquemas, mas também entrando de cabeça na correria de fazer xous. marcelo (também do podrera e de mais 5 mil bandas) é um dos caras que mais sacode brasília e que mais incentiva o pessoal do riacho fundo com o peru music fest, um festival já tradicional, petrônio e negrete (também de mil outras bandas) estão com o clorofila boys que é uma iniciativa de fazer xous no melhor estilo faça-você-mesmx (fvm), tainara é zineira do falecido volkana zine e organizadora de xous também.

então vamos para a demo: nessa re-edição gringa o cd vem em envelope de papel muito bonito (preto-e-branco do jeito que eu gosto), encarte com as letras e release com foto.

são 7 faixas de um hardcore rápido, simples e direto, bebendo das velhas fontes. o nome da demo vem da faixa 4 "o golpe e a bossa nova" que fala do golpe de estado de 64 e da censura e perseguição de presos políticos. as letras são em sua maioria rimadas, como era de prache entre muitas bandas na década de 80 e 90. os temas são políticos, falam de guerra, de consumismo, de como o poder nos massacra, mas também de temas que flertam com o feminismo.

na letra "mulher" meu olho-clínico-de-feminista-chata detecta uma questão que todas nós sofremos em algum grau e que nossa vovózinha (hehehe sacanagem) simone de beauvoir já diagnosticou lá nos idos dos anos 40-50: o modo como a linguagem patriarcal nos perpassa de tal maneira que nós mesmas, nós mulheres, falamos de nós na terceira pessoa, como se falassemos de outras pessoas, como os homens falam de nós. falamos "a mulher" em vez de falarmos "nós mulheres". vejam, isso não é uma crítica propriamente, é só uma reflexão em cima de uma questão que a letra me sucita.

o meu destaque vai para a faixa 3 "independência" que é uma das minhas favoritas, mas a demo é toda bacaníssima, bem gravada (lá no ME o estúdio número do underground candango). e, como ela já tem um certo tempo que foi gravada, dá pra ver o quanto a tainara melhorou os seus vocais de lá pra cá indo aos xous. inclusive, eu demorei tanto pra fazer essa resenha que elxs já estão no estúdio novamente, gravando novos sons para um novo lançamento. isso é que é banda eficiente e zineira ineficiente. olha que beleza!

fecho a resenha desejando uma vida longa e frutífera pra disforme, com uma felicidade enorme de ver cada vez mais e mais meninas produzindo na cena e sendo reconhecidas, sendo respeitadas, e cada vez mais caras percebendo, incentivando e curtindo a participação de garotas como eu, tainara e mais um tanto de outras meninas que estão ativas na cena.

você pode ver/ouvir/entrar em contato com a banda (adquirir sua demo, inclusive) nesses endereços:
http://www.fotolog.com/bandadisforme/
http://www.myspace.com/disformedf

[essa resenha também está disponível no dfhardcore]

Um comentário:

Anônimo disse...

Disforme 64 é muiito bom...
Você(s) são(é) de onde?

guardo resposta!!!

paula_buh@hotmail.com